Tendinite Fibular no Tênis e Corrida: Tratamentos e Exercícios de Fortalecimento

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Sumário

No caso da corrida, quando a pessoa está correndo para a frente, mas o pé está virado para o lado de fora, as estruturas estão sendo sobrecarregadas mais de um lado do que de outro, o que pode levar ao desenvolvimento de tendinite fibular devido ao esforço excessivo nos tendões da parte externa do tornozelo.

Se o pé está apontando para fora, os fibulares estão sendo utilizados para fazer a pronação do pé. Há uma sobrecarga dessa musculatura que é um movimento tensional dos tendões contra a proeminência óssea, que é o maléolo lateral.

Esse movimento de desvio da pisada durante a corrida pode causar a Tendinite.

O tênis tem um movimento mais estressante para essa estrutura lateral do tornozelo justamente porque nesse esporte há uma exigência de deslocamento lateral a todo momento. Existem, durante todo o jogo, os movimentos para os lados, as passadas, a aceleração e o freio lateral.

Além do movimento de corrida lateral ser muito comum no tênis existe um outro fator, que é o atleta usar somente o tornozelo para fazer esse deslocamento. Certamente, existe uma predominância da perna fazendo esse movimento, em vez de haver uma distribuição do trabalho entre a coxa, a perna, o quadril e o tronco, que seria o mais adequado.

Usando movimentos corretos

Há também uma dificuldade do uso da energia dos músculos que fazem o deslocamento lateral. Dentro desses movimentos laterais, vemos tanto uma dificuldade de imprimir potência quanto uma dificuldade de frear, de cessar o movimento ao chegar na bola.

Normalmente nós vemos o atleta dando várias pancadas no chão, é possível até mesmo ouvirmos ele batendo o pé no chão, quando ele deveria chegar na bola de uma forma mais suave.

Mas existem outros esportes onde pode haver esse estresse no tornozelo como o vôlei, o basquete e o próprio futebol.

Todos os esportes em que há movimentos com deslocamento lateral, movimentos com impacto e com muita intensidade de troca de pé podem exercer sobrecarga no tendão fibular, inclusive o CrossFit.

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Continue lendo e saiba como tratar a tendinite fibular.

Qual o melhor tratamento para a Tendinite Fibular?

Na Fisioterapia, quando falamos sobre qual é a melhor maneira de tratar uma condição, a resposta será sempre: isso depende.

Para definir qual é o melhor tratamento é preciso primeiro entender qual é a causa.

No caso da Tendinite Fibular, o tratamento vai ser definido com base em dois pontos importantes:

  1. Observar como o pé interage com o chão;
  2. Observar como a pessoa organiza o seu peso corporal – como ela está organizando todos os segmentos do seu corpo e aplicando o peso corporal no chão. Isso é o que chamamos de postura.

Para dar uma ideia de como funciona o tratamento na prática, vamos analisar o caso real de um paciente tenista que buscou atendimento na Wolf Fisioterapia.

Ele nos procurou logo após participar de um campeonato sentindo muita dor no tornozelo.

O tratamento dele se dividiu em 3 etapas:

Etapa 1- Dor aguda e inflamação

Iniciamos tratando a dor aguda com a aplicação de técnicas como o laser, o ultra-som, o choquinho, a liberação miofascial e a drenagem linfática. Em torno de 2 semanas a dor diminuiu e ele voltou a fazer atividades simples como andar até o trabalho, dirigir e executar outros movimentos normais do dia a dia.

Etapa 2 – Retorno atividades Cotidiano

Após o tratamento da fase aguda iniciamos a prática de exercícios de fortalecimento do tornozelo. São exercícios que promovem o contato do pé com o chão. Esta é uma etapa importante porque, após sentir tanta dor, é normal que o paciente tenha dificuldade de ativar a musculatura que controla o tornozelo, causando uma fraqueza dos músculos da região.

Nessa etapa praticamos exercícios como abrir a ponta dos pés com um elástico ao redor, movimentos de levantar a ponta dos pés, movimentos de panturrilha e movimentos de absorção pliométrica, que consistem em dar saltos sem sair do lugar.

Etapa 3 – Tratar causa do problema e evitar reincidência

Na etapa final, quando o paciente já tinha voltado a praticar o seu esporte, começamos a investigar o que acontecia antes do campeonato. O fato é que ele já tinha uma dor crônica no tornozelo antes de competir, mas encontrou um ritmo de treino que não deixava essa dor se tornar aguda.

Nessa etapa deixamos de cuidar somente do tornozelo e passamos a olhar para o todo, buscando compreender como o corpo dele se organizava para aplicar o peso corporal no chão.

Observando como ele se movimentava na quadra percebemos que ele fazia movimentos muito bruscos e desequilibrados, como se estivesse sempre posicionado em cima do calcanhar e com o bumbum jogado para trás.

Identificamos que a origem desse desequilíbrio estava na região do quadril: ao fazer um movimento de extensão de quadril ele tinha dificuldade de jogar o peso corporal para a parte da frente do pé. Consequentemente, também não conseguia usar a panturrilha para amortecer o impacto que acontecia a cada passada.

Para ele conseguir jogar seu peso mais à frente fizemos um trabalho de ativação do glúteo. Assim ele conseguiria usar melhor a panturrilha, retirando a sobrecarga do tornozelo e amortecendo o impacto.

IMPORTANTE

É importante ressaltar que, nesse caso, não se tratava de um trabalho isolado de glúteo como o que se faz na musculação, onde o objetivo é a hipertrofia. Nosso objetivo era alinhar todos os músculos do corpo como se fossem uma orquestra em funcionamento.

No tênis, a cada momento um músculo diferente é ativado e o paciente precisava entender a importância do papel do glúteo nesse contexto para conseguir jogar o peso corporal mais à frente.

Quando ele adquiriu essa consciência e reeducou sua postura conseguiu se posicionar de uma forma correta, promovendo a participação do glúteo no movimento que, por sua vez, permitiu usar a panturrilha e absorver melhor o impacto, protegendo o tornozelo de novas lesões.

Quais exercícios podem ajudar no tratamento da Tendinite Fibular?

A indicação dos melhores exercícios para tratar a Tendinite Fibular vai variar de acordo com a causa do problema que, conforme já mencionamos no tópico anterior, será identificada após uma avaliação minuciosa do Fisioterapeuta.

No caso do paciente tenista, após a Etapa 1- Dor e inflamação e Etapa 2- voltar às atividades do cotidiano sem dor, falaremos da Etapa 3- tratar a causa do problema.

Na Etapa 3, quando está sem dor, neste caso, foram aplicados 3 exercícios:

EXERCÍCIO 1

O primeiro exercício foi aplicado na fase inicial e consistiu, basicamente, em puxar o quadril dele para trás. Ou seja, nós solicitamos para ele fazer a extensão de quadril e depois fazer uma caminhada sem sair do lugar. Em algum momento pedimos que ele parasse em um pé só. Ao fazer esse movimento ele tinha que se equilibrar em cima de uma perna só. Considerando o nível de dificuldade, esse foi o exercício mais fácil.

EXERCÍCIO 2

O segundo exercício tinha um nível de complexidade maior e consistia em pedir para ele pular para cima de um step. Ao pousar em cima do step ele tinha que se equilibrar em cima de uma perna só. Ou seja, ele fazia esse movimento recebendo o impacto do pulo.

Na hora do pouso ele necessariamente tinha que estar com o glúteo ativado e assim preparar a panturrilha para absorver o impacto. Com a prática desse exercício ele se tornou capaz de absorver o impacto bem melhor do que fazia antes.

EXERCÍCIO 3

O terceiro exercício evoluiu para um grau de dificuldade ainda maior. Ele fazia o mesmo movimento de pular para cima do step, porém segurando 10 kg. Ou seja, ele tinha que fazer o mesmo processo de amortecimento do impacto segurando 5 kg em cada mão.

Durante o tratamento o paciente foi aprendendo uma nova forma de se movimentar. Sendo assim, ao praticar esses exercícios na clínica ele ganhou consciência corporal e autonomia para reproduzir esses movimentos da forma correta dentro da quadra de tênis.

O tratamento durou 6 semanas

Além de jogar sem dor, ao aprender uma nova postura ele sentiu outros benefícios que foram além do tornozelo, como:

  • hoje ele consegue se movimentar com mais agilidade na quadra,
  • chegar nas bolas com mais velocidade
  • e já não ouve aquele som de batida do pé no chão que era tão comum antes do tratamento.

E embora o paciente ainda possa sentir alguma dor no tornozelo em outras atividades, como ficar muito tempo de pé em uma festa, por exemplo, hoje ele sabe exatamente qual é a causa e o que deve ser feito para corrigir.

Conclusão

Nesse ebook usamos um caso real para ilustrar como é conduzido o tratamento da tendinite fibular.

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Conforme você viu, após a conclusão da fase 1 e 2 do tratamento, quando o tornozelo foi tratado e fortalecido, identificamos que a causa raiz do problema não estava nessa região e sim em outra parte do corpo, o seu quadril.

Buscar a verdadeira causa do problema, entender em que parte do corpo está acontecendo a desorganização do movimento é muito importante na fase de pós reabilitação do paciente. É nessa etapa que ele vai saber porque se machucou e vai ser capaz de corrigir o movimento para evitar uma nova lesão.

Entender como o paciente se movimenta e ajudá-lo a se movimentar de uma maneira diferente é a nossa principal forma de tratamento para evitar que as lesões voltem a acontecer.

No caso apresentado, tratamos o quadril para melhorar o apoio do tornozelo. Por isso, em outros casos o abdômen pode ser mais relevante. Em outros pode ser necessário trabalhar a região lombar. E em outros a atividade do quadríceps, a força muscular, pode ser mais importante.

Cada caso é específico e terá uma abordagem diferente. E todas as abordagens vão estar direcionadas para a qualidade do movimento.

Podemos tratar um tenista, um corredor ou um ciclista. Para todos eles vamos pensar em como melhorar a sua postura e o seu movimento quando ele retornar à prática do esporte.

Se você está sentindo uma dor no tornozelo, não espere ela se agravar.

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Cristyan Shimamoto – CREFITO-3: 293897-F
Fisioterapeuta graduado pela Universidade de São Paulo (USP) e especializado em Esporte e Exercício pelo HCFMUSP.

Perguntas Frequentes

Tenho uma dor lateral no tornozelo. O que pode ser?

A dor lateral do tornozelo pode ser uma Tendinite Fibular. A Tendinite Fibular pode estar relacionada tanto à absorção de impacto quanto aos desvios posturais laterais que podem ter relação com o core. O próprio desvio do tornozelo em relação ao alinhamento da articulação óssea também pode causar essa condição.

Quais exames devo fazer para saber se eu tenho Tendinite Fibular?

Os melhores exames para diagnosticar a Tendinite Fibular são o ultrassom e a ressonância magnética, que também pode ser feita com carga. Sendo assim ambos podem indicar lesões das fibras do tendão com ou sem lesões transfixantes e acúmulo de líquido sinovial nas bursas laterais do tornozelo.

Usar tornozeleira ajuda no tratamento da Tendinite Fibular?

Não. A tornozeleira não tem capacidade de controlar a maior parte do peso corporal. Uma tornozeleira de neoprene não vai “segurar” os 50, 60 ou 70 kg que estão acima do seu tornozelo e, portanto, não vai garantir estabilidade. Se você usar uma tornozeleira rígida, como a Aircast, vai haver uma limitação do movimento lateral da articulação do tornozelo, mas essa tornozeleira vai criar um estresse a mais para o joelho. Ela será protetiva, sim, mas não é o mais indicado para o tratamento da Tendinite Fibular.

Fazer cirurgia resolve a Tendinite Fibular?

Não. A Tendinite Fibular ocorre por um desgaste da estrutura tendínea que está relacionado à repetição. Se você retirar o tecido lesionado e continuar absorvendo mal o impacto, vai continuar causando mais lesões. E provavelmente o tratamento pós operatório vai envolver o fortalecimento e o controle da absorção de carga, que é o tratamento mais indicado para a Tendinite Fibular.

Mais algumas perguntas e respostas

O que é Tendinite Fibular?

A Tendinite Fibular é uma lesão por repetição causada pelo desgaste da estrutura tendínea do tornozelo. Ela pode ser causada por uma série de fatores como falta de alinhamento postural, falta de equilíbrio e má absorção do impacto dos movimentos.

Qual o melhor tratamento para a Tendinite Fibular?

Após o diagnóstico da Tendinite Fibular é preciso avaliar o que está causando o desgaste desse tendão. Portanto, o tratamento vai envolver a correção da postura e da organização do centro de gravidade do corpo, o core, o fortalecimento do tendão, a melhora do equilíbrio e o aumento da capacidade de absorção do impacto dos movimentos.

Quais exercícios são bons para quem tem Tendinite Fibular?

Os exercícios mais indicados também vão depender do que está causando a Tendinite Fibular. Se o seu problema é a falta de alinhamento, um bom exercício será fazer corridas e passadas laterais com um Mini Band ao redor da ponta dos pés. Se o seu problema é a falta de equilíbrio, tentar se equilibrar em cima de uma perna só vai ajudar. Mas se o problema for a distribuição de energia ou má absorção do impacto, os exercícios de salto e de contra salto serão benéficos.

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