Como a fisioterapia esportiva elimina a dor no pé e leva você de volta ao esporte.
Nesta matéria falaremos sobre como funciona o tratamento da fascite plantar na prática, as 3 fases do tratamento, tempo médio de recuperação dos pacientes, exercícios para tratar a causa do problema e evitar reincidência da fascite plantar.
Vamos lá!
Como funciona o tratamento da fascite plantar na prática:
- quais as fases do tratamento
- qual o tempo médio de recuperação
- exemplos de exercícios
- e o mais importante, como tratar a causa para não ter reincidência do problema.
E se você ainda tem dúvidas sobre o que é a fascite plantar e os sintomas, leia a matéria: Fascite Plantar em esportistas: O que é, causas, sintomas, tratamento e tempo de recuperação
Entenda como funciona a fascite plantar na prática
Nas imagens abaixo você pode entender como funciona, na prática, a fascite plantar.
Na imagem 1 vemos, no pé, a representação do arco plantar, uma estrutura óssea que vai desde o calcanhar até a base dos dedos.
Na imagem 2 o elástico em amarelo representa os músculos e o papel branco que está por baixo representa a fáscia plantar, que tem uma estrutura mais fibrosa. É essa estrutura que sustenta o arco plantar.
À medida que pressionamos essa estrutura na vertical, de cima para baixo, percebemos que os músculos acompanham esse estiramento, mas o papel branco que está em contato com o chão – e representa a fáscia lata – ficou rasgado (imagem 3).
Se esse movimento lesivo de estiramento acontecer repetidas vezes, seja por ficar por muito tempo em pé, por ficar durante muito tempo caminhando ou até mesmo correndo, aumentam as possibilidades de desenvolver a fascite plantar.
Conheça um caso real de fascite plantar
Agora vamos apresentar o caso real de um paciente que procurou a nossa clínica. Vamos chamá-lo de João.
O João já havia tratado a fase aguda de forma medicamentosa, usando cortiço ides para melhorar a dor e a inflamação. Ele chegou na clínica com menos dor, mas ainda com bastante dificuldade para caminhar. E utilizava uma bota, cuja função era evitar o movimento do estiramento da fáscia plantar.
Começamos o trabalho de investigação.
Nossa primeira ação foi entender como tudo começou. João relatou que a dor teve início durante uma partida em uma competição de tênis, quando a maioria das jogadas do seu adversário deixavam a bola perto da rede.
Sempre que corria em direção à bola, ele conseguia ouvir o som da batida seca do seu pé no chão. O fato de ele próprio perceber esse impacto o fez lembrar o que sempre ouvia do seu treinador:
“Não precisa bater tanto o pé no chão, não precisa pular tanto.”
O João trouxe um vídeo para avaliarmos sua forma de jogar e nele pudemos observar o momento em que chegou uma bola mais alta e como ele chegou até ela com o corpo todo esticado. Ao voltar para o chão, ele aterrissou de uma forma muito violenta, com um movimento muito bruto.
Para melhorar esse movimento, precisávamos reproduzi-lo na clínica. Mas como fazer isso?
Nós o colocamos em cima de uma anilha posicionada no chão para deixá-lo em uma posição mais alta. Pedimos que ele colocasse um dos pés no chão, para observarmos como ele movimentava tanto o tornozelo quanto o pé para amortecer o impacto.
Percebemos que ele não fazia o movimento adequado do tornozelo e que o pé chegava ao chão completamente esticado.
Nosso objetivo principal dentro do tratamento era a adequação desse movimento. O que foi relativamente fácil de fazer dentro de um ambiente controlado como era a clínica, sem a presença dos elementos que estão presentes na quadra.
O grande desafio era saber como fazer com que esse movimento se tornasse natural para ele dentro da quadra de tênis. E esse passou a ser o foco do nosso tratamento: ajudá-lo a colocar em prática, durante os jogos, esse movimento de amortecimento.
Quando chegamos ao nosso objetivo, o movimento dele ficou muito mais fluido, ele se sentiu mais confortável e até mais rápido.
A melhora da performance é uma consequência natural da correção do movimento, porque quando um músculo não trabalha corretamente quando precisamos dele, sem dúvidas atrapalha nosso desempenho.
Como é o tratamento da fascite plantar?
Fase 1- Fase aguda – Tratamento da dor e inflamação
Estudos mostram que as ondas de choque têm sido eficazes no tratamento sintomático a curto prazo.
Além do tratamento medicamentoso, é comum vermos orientações sobre o uso de calçados mais rígidos e com um pequeno salto. São recomendadas ainda as compressas de gelo, que podem ser aplicadas através do uso de uma garrafinha pet congelada para massagear a fáscia plantar.
Na fisioterapia esportiva, uma das técnicas mais utilizadas é a liberação miofascial, um tipo de massagem que tem como foco os tecidos miofasciais. Alguns estudos mostram uma melhora significativa da dor com a prática do agulhamento seco e o laser de baixa intensidade também é muito recomendado para o controle da dor.
Porém, entre todas essas técnicas da fisioterapia esportiva, a que mais tem demonstrado um bom resultado na melhora da dor dos pacientes ainda é a liberação miofascial.
Tempo de recuperação da fase aguda
O tempo de recuperação da fase aguda leva em torno de 1 a 3 semanas. Utilizamos equipamentos e técnicas para ajudar a reduzir o edema, inflamação e a dor como: o laser, tens, ultrassom e liberação miofascial.
Fase 2- Fase subaguda – Paciente com dor controlada e retorno ao cotidiano
Vamos falar agora da segunda fase, que é a fase subaguda, quando o paciente começa a retornar às atividades do dia a dia.
Na Wolf Fisioterapia damos uma atenção especial ao movimento de absorção do impacto, ou seja, não analisamos somente o pé, mas a postura do paciente como um todo.
A absorção deve acontecer de uma forma eficaz. Isso significa que não se pode pensar somente nos músculos do pé, mas também na panturrilha, no joelho ou no quadril durante o movimento. Precisamos observar o corpo inteiro e como ele está se organizando para fazer atividades simples como caminhar e correr.
Em outras palavras, analisamos a postura do paciente e como ela está influenciando as atividades do cotidiano. Na maioria dos casos de pacientes com fascite plantar o problema não está no pé em si, mas em uma postura que gera sobrecarga nessa estrutura, causando a lesão.
Este é um momento em que começamos a pensar em como o paciente vai retornar ao esporte e, para auxiliar na reestruturação, aumentamos a intensidade dos movimentos, bem como o seu impacto e a sua velocidade.
O objetivo é deixá-lo pronto para a prática de esportes como corrida, crossfit, tênis, futebol ou qualquer outra atividade que exija muito da planta do pé.
No tratamento do João fizemos exercícios de agachamento com deslocamentos laterais, além de saltos laterais com e sem raquete:
1- Exercício de controle e fortalecimento
Agachamento com deslocamentos laterais – o paciente fortalece os músculos das coxas, quadris e panturrilhas junto com o estímulo do controle lateral de quadris e da pronação ou supinação do pé, seja com um passo ou com um salto.
2 – Exercício de controle e absorção de impacto
Saltos laterais – o paciente realiza saltos com saída e chegada ao chão, exigindo o controle do impacto, controle lateral do movimento de toda a perna e quadris e também o condicionamento físico sem bola.
3- Exercícios de ajuste de postura e movimento no tênis
Salto lateral com raquete – além dos benefícios dos movimentos de salto e deslocamento lateral, a somatória da raquete fora da quadra contextualiza e ajusta o ritmo do salto junto com movimento das mãos.
Como você pode ver, é uma fase de recuperação da lesão através de exercícios, trabalhando a causa do problema, ou seja, melhorando a postura do paciente para que o movimento não gere sobrecarga em seu pé.
Tempo de recuperação da Fase Subaguda
O tempo de recuperação depende da consciência corporal, fortalecimento, mobilidade de cada paciente.
No caso do João, nosso exemplo real, o tempo de recuperação da fase subaguda levou 8 semanas.
Fase 3 – Retorno ao esporte
Chegamos à última e mais importante fase da reabilitação: o retorno ao esporte. É quando o paciente volta a praticar o esporte que ele tanto ama e nós vamos trabalhar na causa raiz do problema.
Nesse momento colocamos nosso foco nos vícios posturais e naquelas dificuldades que, provavelmente, o paciente já viu seu técnico tentar corrigir diversas vezes. Olhamos para essa causa mais atentamente com o objetivo de entender como ela está ocasionando a fascite plantar.
Pode ser tanto um desvio postural quanto uma dificuldade para movimentar os pés de forma mais suave.
Essa é a abordagem que mais gostamos de fazer na clínica, identificar a causa do problema e ajustar a postura do atleta para que não haja reincidência e possa treinar sem medo.
No caso do João, após vermos o vídeo do seu treino chegamos à conclusão que a sobrecarga nos pés era gerada por uma sequência de fatores:
Ou seja, ele nos procurou por causa de uma lesão no pé. Mas para resolver o problema na raiz e não haver reincidência, tivemos que ajustar sua postura para que ele conseguisse utilizar os músculos do glúteo, quadris e panturrilha de forma equilibrada, a fim de fazerem a absorção do impacto e tirar a sobrecarga dos pés.
Identificada a causa do problema, planejamos seu treino para correção postural na quadra de tênis.
Planejamos exercícios para a ativação correta do glúteo, quadril e panturrilha a fim de ajustar sua postura e, assim, seu corpo trabalhar de forma equilibrada durante o movimento.
1 – Ativação do glúteo
Aplicamos agachamento com resistência para trás para melhorar a velocidade, focar no controle dos glúteos e evitar que caísse para trás.
2 – Melhora do posicionamento dos quadris e absorção de impacto pela panturrilha
Aplicamos pulinhos no lugar com resistência para trás – para manter a frequência de pequenos saltos no lugar, dando estímulo pliométrico para a panturrilha, sem sair de um lugar delimitado e com um elástico puxando os quadris para trás, exigindo melhora da postura de ativação dos glúteos.
3 – Treino do movimento correto
Corridas laterais curtas com resistência para trás – para simular a movimentação na quadra de tênis, que exige corridas laterais com passos rápidos tanto na troca dos pés quanto na manutenção da contração de glúteos, colocando mais apoio para frente.
Tempo de recuperação da Fase 3 – Retorno ao esporte
No caso do João, trabalhamos durante 3 meses para ajustar e consolidar a nova postura no tênis. Após a reabilitação, o João conseguiu treinar sem dor e o mais gratificante é que relatou melhoria em sua performance, conseguindo jogar com mais velocidade e equilíbrio.
Importante enfatizar que o tempo de recuperação depende da capacidade do paciente colocar em prática a nova postura que ensinamos na clínica a fim de alterar vícios posturais que foram a causa da sobrecarga em seu pé e provocaram a fascite plantar.
Por que a última fase é a mais importante?
Nesta fase liberamos o paciente para voltar aos treinos de forma monitorada, ou seja, ele continua na fisioterapia e nos treinos até que sua nova postura esteja consolidada.
Colocando em prática o que ensinamos na clínica, o paciente retorna aos treinos de forma orientada e segura, com conhecimento do que pode ou não pode fazer. E ao compartilhar as dificuldades ou desconfortos que ele tem durante os treinos com a gente, fazemos os ajustes necessários na sua postura.
Este ciclo se repete até que o paciente consiga treinar com plenitude e segurança, possibilitando que ele busque sua melhor performance sem medo de se machucar.
É muito comum ouvirmos dos nossos pacientes o seguinte:
“eu estava bem e voltei a treinar devagarinho. Quando sentia algum desconforto, parava e descansava, mas mesmo assim voltou a doer.”
São relatos de esportistas voltando a treinar por meio da tentativa e erro, com receio de se machucar novamente.
O paciente que conclui a terceira fase tem uma reabilitação efetiva e sai desse círculo vicioso.
Por isso, a terceira fase é a mais importante do tratamento.
Porque ajustamos a postura do paciente para que ele tenha um movimento equilibrado e o problema não volte a acontecer!
Eu tenho que parar de treinar por causa da Fascite Plantar?
Essa é uma das perguntas que mais ouvimos quando recebemos pacientes com fascite plantar.
Em geral, nós recebemos pacientes que já estão muito debilitados. Ou seja, com muita dificuldade para caminhar, dificuldade para ficar em pé, o que implica até mesmo na dificuldade para se locomover até a clínica.
Nosso principal foco na primeira fase do tratamento, a fase aguda, é reduzir ao máximo possível os fatores estressores da fáscia plantar, ou seja, o que está provocando o estiramento e causando mais desconforto e incômodo para essa região.
Retiramos tudo o que pode atrapalhar o processo de recuperação e cicatrização. Isso pode incluir os treinos de corrida e as atividades de impacto.
Mas ao mesmo tempo, não queremos que o paciente perca o seu condicionamento físico.
Pensando nisso, liberamos atividades de baixo impacto como bicicleta ergométrica, exercícios abdominais, exercícios de braço e exercícios de musculação que o paciente pode fazer sentado. Esses são exercícios possíveis de se fazer mesmo na fase aguda.
Durante a recuperação, orientamos os pacientes para que mantenham a resistência e a força muscular em outras partes do corpo. Eles podem e devem continuar se exercitando, desde que evitem movimentos que sobrecarregam o pé e o tornozelo. Desta forma, quando retomarem suas atividades esportivas, estarão em boa forma física.
É possível manter o condicionamento físico e praticar atividades, desde que os treinos evitem movimentos que prejudiquem a recuperação.
Conclusão
A fascite plantar pode ser uma condição dolorosa e limitante, mas com o diagnóstico correto e um tratamento adequado em cada fase, é possível eliminar a dor, recuperar a liberdade de movimento e retomar suas atividades cotidianas e esportivas com segurança.
O exemplo deste ebook mostra como tratar a causa raiz da fascite plantar com exercícios que ensinam uma nova postura.
Nesse caso real, construímos uma nova postura junto com o paciente.
Usamos o caso de um tenista, mas o tratamento para corredores e sedentários é similar, seguindo as mesmas fases de recuperação.
A fisioterapia esportiva tem conhecimento e experiência para finalizar o processo de reabilitação do atleta de forma efetiva.
Na Wolf Fisioterapia, nossa abordagem é personalizada: começamos com uma sessão de planejamento terapêutico para entender sua rotina, seus objetivos e as demandas do esporte que você pratica. Assim, criamos um plano de reabilitação focado na causa real do problema – e não apenas nos sintomas.
Quer dar o primeiro passo para se livrar da fascite plantar?
Chame a gente no WhatsApp 11 93950-9909 e agende a sua sessão inicial de planejamento terapêutico.
E venha conhecer nossa clínica. Estamos localizados no Brooklin, na Zona Sul de São Paulo.
Vamos juntos traçar o melhor caminho para a sua recuperação!
Quer saber mais, assista o vídeo abaixo, onde contamos um caso real de tratamento da fascite plantar.